sábado, 22 de junho de 2013

(Des)Encontro


Começo o dia com uma coincidência (ou talvez não!) de encontrar uma das pessoas mais queridas da minha infância, a largos km de casa, no último lugar onde algum dia pensei voltar a cruzar-me com ela: o comboio. Num momento nostálgico acabo por entender que talvez este seja o lugar certo, o lugar das viagens, o lugar que nos leva a outros lugares, o ponto de (des)encontro de tantas outras vezes. Relembro as conversas e as brincadeiras. Nunca tive grande paciência nem apetência para conversa fiada nem para passar tempo só porque sim. Acho que isto é algo que nasceu comigo. Não gosto do "faz de conta", nem dos "amigos" que aparecem e desaparecem e, menos ainda daqueles que só se lembram quando precisam. Gosto de amigos a serio, daqueles que um dia mais tarde me vão fazer sentir uma nostalgia semelhante à que sinto agora. Sinto-me bem, sinto-me realmente bem por ter crescido assim, por ter adquirido consciência de que as pessoas fúteis não se fizeram para mim e pela minha capacidade de selectividade (chamem-me anti-social ou o que quiserem. Não me vendo!). Gosto de sentimentos recíprocos pois, em contrário, quando um morre, morrem os dois. Quando um morre, provavelmente nunca existiu. Gosto de sentimentos pa(l)páveis e reais, gosto de sentimentos verdadeiros e de pessoas que não morrem nem me matam. Gosto de pessoas que dão mais, que dão tudo, que partilham... Que partilham vida e a vida. Gosto de pessoas assim, que até nos momentos de nostalgia me fazem sentir mais viva do que nunca.

Os outros, aqueles com quem apenas nos cruzamos têm, certamente, importância mas apenas a importância que lhes queremos dar. No fundo, todos estamos na vida de alguém apenas o tempo suficiente para aprendermos e crescermos mutuamente. Se essa partilha dura uma vida inteira? Apenas o tempo tem capacidade de resposta para isso.


Lisboa, 22 de Junho de 2013