segunda-feira, 29 de julho de 2013

Amor(es)


Existem amores que se atropelam uns aos outros, que se superam, que vão à luta por um lugar de topo. Se um amor supera outro, então o primeiro, foi, provavelmente, uma mera passagem. O amor, o verdadeiro amor, é o único que se supera a si próprio todos os dias, é aquele que conquista todos os dias sem dar espaço para outras conquistas, sem dar espaço para outro amor. O amor, o verdadeiro amor, é o único que morre connosco quando morremos para o mundo. 
Não há amor que mate o verdadeiro amor. 

Lisboa, 29 de Julho de 2013

Imperfeições

Todos os dias são perfeitos para corrigir imperfeições.

Lisboa, 24 de Julho de 2013

Valorização

Valorizar alguém quando o presente conjunto já não existe parece-me arrependimento, parece-me um acordar tardio que não pode ser salvo por cafeína ou nicotina. Acordar para o que se sente demasiado tarde, é dormir a vida toda. Calar o que se pode dizer no presente, é matar tudo o que se poderá sentir no futuro. Tudo tem uma hora certa, até a valorização.

Lisboa, 21 de Julho de 2013

Sorrisos

Há quem vista e dispa sorrisos como quem troca de cuecas. Se lhe convém veste a lingerie mais sexy. Se não é muito importante usa umas cuecas básicas de algodão. Se está em dia não veste as cuecas da avó. E cada um que lhe vá vendo o rabo (e os dentes!) consoante o dia.

Lisboa, 20 de Julho de 2013

Nostalgia


Apetece-me pegar na nostalgia e atirá-la pela janela fora, do andar mais alto do prédio. Apetece-me vê-la cair no chão, em sangue e ficar lá a gemer, meia morta, durante uma hora (no mínimo!), enquanto berro cá de cima: “FODE-TE!” (em plenos pulmões, até perder a voz). Fode-te porque não és mais do que a saudade de momentos que não voltam, não és mais do que um conjunto de memórias que não partem, não és mais do que uma melancolia idealizada, provavelmente não tão perfeita no passado real quanto no presente das memórias. Por isso, fode-te. Liga para o 112. Chama lá quem tu quiseres, desde que esse “alguém” não seja eu. E não grites muito alto que quero dormir em paz. 
Ps.: Avisa os outros sentimentos da treta que se fizerem barulho vão fazer-te companhia. 

Lisboa, 16 de Julho de 2013

Conquista

Conquista todos os dias. Enquanto conquistas, constróis. Ou estás a conquistar, ou estás a perder. Quando deixas de conquistar, quando deixas de construir, estás a aproximar-te do fim.

Lisboa, 12 de Julho de 2013

Há sempre um depois


O que é que cura uma ressaca criativa? Um momento de depressão, de solidão ou o amor? O amor ou o inverso do amor!? O (des)amor? Terá uma ressaca criativa cura ou continuar a consumir é a única forma de sair viva… De sair sóbria da vida!? 
Não quero sair sóbria da vida e consumo-te. Vou continuar a consumir-te. Se me consomes, posso consumir-te. Talvez acabe a ressaca quando já estivermos consumidos até aos ossos. Quando não restar nada mais do que ossos. E, depois, que seja eterna a ressaca. 

Há sempre um depois. 

Lisboa, 12 de Julho de 2013

Os felizes não se cansam


Conseguir pensar de forma emotiva e sentir de forma racional, sem complicar demasiado, sem questionar o desnecessário, sem perder um parafuso (ou mais!) é coisa de herói. Mas até os heróis se cansam. Até eles mudam o sentimento e o pensamento. 
Que se misture o raciocínio com a emoção mas que não se vendam misturados parecendo uma coisa que não são. Que se pense com sentimento ou se sinta com o pensamento mas que se saiba o lugar de cada um. 
Sejamos, antes de mais, verdadeiros para nós próprios. Verdadeiros com o que sentimos e pensamos. Sejamos confiantes e fiéis perante a nossa felicidade. Sejamos, antes de mais, felizes, porque ao contrário dos heróis, os felizes não se cansam… E os heróis não existem. 

(cansei-me!)

Lisboa, 12 de Julho de 2013

Escolhas


Vivemos de escolhas. Apenas os sentimentos vão além das escolhas. Apenas o incontrolável vai além das escolhas. E o que sinto é incontrolável. E o que sinto é um misto entre o doce e o amargo. E o que sinto é tão intenso que por vezes já nem sei se sinto, nem como sinto, nem porque sinto. Não sei porque sinto assim.
Em algum momento as minhas escolhas iniciais levaram-me ao que sinto e não escolhi, não queria escolher, o que sinto. A verdade, aquela que doí, é que o sinto. E não se controla o incontrolável e não se explica o óbvio. Haverá necessidade de explicar o que se sente quando os outros conseguem sentir o que temos para explicar!? Não. 
Só consigo explicar as escolhas, não o que sinto, porque o que sinto é tão óbvio que dói. É tão óbvio que todas as explicações ficariam aquém. Todas as explicações ficariam pela superfície e o que sinto, este óbvio, este incontrolável que dói, é tudo menos superficial. É tudo menos uma escolha. Tu és tudo menos uma escolha.

Lisboa, 28 de Junho de 2013

Louca


Pouco me importa se aos olhos de alguns eu sou apenas uma louca, quando essa loucura é a minha felicidade, quem sabe, talvez, a minha verdadeira sanidade. 

Importam-me os amigos que riem e choram comigo. Importam-me todos aqueles que vão para além de promessas vazias e de sorrisos interesseiros e temporais. Importa-me somente a loucura e a vida. Que seja uma vida louca de risos, repleta de amor e excêntrica de prazer. Importam-me as partilhas e os loucos, tão loucos quanto eu. 
Importa-me quebrar regras e barreiras. Importa-me soltar a corda do conformismo e questionar - quando acabarem as respostas que venham mais perguntas. Importa-me superar e superar-me. Importa-me o ser e não o ter. Importa-me quem, como eu, também se importa com o que realmente importa. 
Importa-me levar o suspiro que é a vida à exaustão, sem limites, fora de caixas e de bolhas… Fora de mim mesma. 

Que fique em si quem quiser e que se fique, apenas, por aí. Esses não me importam.

Lisboa, 14 de Junho de 2013

Letras

Há quem queira ser Sra. Doutora, Sra. Arquitecta, Sra. Engenheira, Sra. Qualquer Coisa desde que o nome do meio seja importância. Eu limito a querer ser uma mulher a sério antes de mais, porque sem isso tudo o resto nunca passará de meia dúzia de letras antes do nome.


Lisboa, 10 de Maio de 2013

Pressa

Andamos com a paranóia da pressa. A partir da altura que nos vamos consciencializando ficamos com pressa de crescer, pressa de agradar, pressa de aparecer e no meio disto esquecemo-nos de ser. E para ser não se pode ter pressa. Nada do que é feito com pressa será bom. Nada do que é feito com pressa pode de facto ser coisa alguma. Passamos o tempo a correr em vez de o aproveitarmos. 

Queremos conhecer tudo depressa (incluído os outros!) quando nem a nós próprios conhecemos. Temos pressa de namorar, pressa de casar, presa de ter filhos. Pressa e ponto. E mais depressa ainda chega a rotina e a nossa pressa para fugirmos dela e para nos divorciarmos até das nossas próprias escolhas (como se isso diminuísse os estragos causados pelo impacto do nosso excesso de velocidade ao longo da vida). O tempo não volta atrás. Os erros, por mais que sejam esquecidos, nunca serão apagados e as consequências estarão à nossa vista (nem que seja na vista da nossa memória). A pressa é tamanha que quando damos por nós já estamos com os pés para a cova e não aproveitamos o que quer que seja com calma.
Temos pressa para mostrar ao mundo como somos felizes pelo que temos, quando devíamos ser felizes pelo que somos e não ter pressa para o mostrar. Nem nos deveríamos preocupar em mostrar e muito menos preocupar com aquilo que os outros pensam. Ponto.

O ser será sempre nosso, o ter será sempre passageiro. O ser será apenas para nós e será partilhado apenas com alguns, o ter poderá ser igual para todos.

A vida é como uma refeição tardia: dá-nos a melhor vista, o melhor por do sol, a melhor companhia, a melhor conversa e o melhor ambiente mas só a conseguimos saborear devagar. É impossível saborear a vida a correr, temos de a trincar devagar.

A pressa é ridícula e com ela também nós caímos no ridículo.

Porto, 22 de Abril de 2013