Um dia desisti. Um dia ganhei a consciência que,
provavelmente, aos poucos estava a desistir. Um dia entendi que o silêncio
tinha perdido o conforto e que nada, nem as palavras, o voltariam a repor. Um
dia entendi a razão de desistir. Um dia entendi que desistir, por vezes, é o último
grito de coragem. Entendi que desistir de nós era não desistir de mim. Um dia
entendi que, se teve um fim, desistimos. Algures, em algum momento, os caminhos
que antes se encontravam, partiram em direcção a opostos destinos. Um dia
partimos. Um dia mudamos o nosso destino. Um dia mudamos. Um dia desistimos de
nós, para não desistirmos de tudo. Um dia desistimos para conseguirmos
continuar.
Almada, 13 de Maio de 2014