segunda-feira, 30 de abril de 2012

Vaivém

Quem se lembra da vida ou da morte quando no prazer do momento se passeia entre ambas num vaivém de fluidos e gemidos?

Lisboa, 29 de Abril de 2012

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Dois menos um


Dois olhares que se cruzam
Dois lábios que se tocam
Dois sorrisos que se abrem
Dois corpos que se dão

Uma alma vazia
Um pensamento deserto
Um soluço inquietante
Uma noite sem dia

Em dias sem fim

Uma escuridão incessante
No trovejar da ausência


A tua distância
A minha saudade

Catarina Valadão, 19 de Abril de 2012


sábado, 7 de abril de 2012

Meristemas

“Os verdadeiros analfabetos são os que aprendem a ler e não lêem” Mário Quintana (Poeta)

Podendo ser visto como um universo lúdico, que vive de metáforas, sonhos, sentidos e sentimentos, a poesia não é um processo contrário ao que nos circunda. Escrever poesia não se resume a ensejos de inspiração mas sim a um processo criativo e complexo que se ampara na realidade.
A escrita da poesia dá ao poeta a oportunidade de falar simultaneamente para si e para o mundo, criando um meristema de sensações e interpretações segundo cada leitor. É preciso ganhar o gosto pela leitura, compreende-la e apreciá-la. A leitura supérflua com a qual somos assombrados diariamente não nos educa e raramente tem exuberância suficiente para nos fazer questionar.
A poesia tem sido desde sempre uma forma bela e satírica de delimitar e decifrar em poucas palavras o que muitos sentem mas poucos averbam. Em verso ou em prosa, com ou sem rima, a poesia é perceptível e culta, instruindo-nos não só no presente, a nível intelectual e sentimental, mas também a nível histórico, contribuindo para a nossa evolução.
O leitor entra num mundo prazeroso e vantajoso capaz de agregar a razão e a emoção o que estimulará o seu pensamento, a criatividade e até a memória. Embora muitas vezes se associe a leitura e escrita de poesia a pessoas mais maturas, é um exercício aconselhável sobretudo a crianças e disléxicos.
Somos uma nação de grandes poetas, cabe aos presentes escritores e leitores, não fazer da poesia um vulto do passado e, residindo em tudo e até em nós, lê-la será uma forma de auto-conhecimento e de difusão de ideias. Ler é o meio mais simples de nos tornarmos ricos.

Catarina Valadão, 26 de Março de 2012