sábado, 19 de janeiro de 2013

Amor incondicional

Não sei o que lhe chamar para além de amor incondicional e, chamá-lo assim, será dizer tudo. O resto... O resto foi tudo o que sentimos, todos os momentos que partilhamos, todas as conversas que tivemos. O resto fez de mim a pessoa que hoje sou. Devias lembrar-te de tudo melhor do que eu, afinal era pequena demais para entender o mundo, o mundo do qual me protegias e onde me ensinavas a viver.... Mas por pouca que fosse a memória, há coisas que se guardam na memória do coração, porque mais do que vividas, foram sentidas.
A paciência para te sentares no chão a contar peças de lego ou a fazer "casinhas" comigo, as vezes que me adormecias, que brincavas comigo... Lembro-me da tua preocupação em ter sempre qualquer coisa do nosso agrado para o lanche (os pirolitos, as bolachas, a fruta...). Passei a gostar mais de fruta por tua causa. E de pão! De pão com fruta, de pão com pirolito (quem nunca experimentou não sabe do que te estou a falar...). Lembrou-me das histórias do petzi que me contavas e da forma engraçada como pronunciavas o seu nome. De todas as vezes que me ajudaste com os trabalhos da escola. Lembrou-me também das vezes que cuidaste de mim quando adoeci e até das vezes que ralhavas comigo quando fazia alguma asneira. Lembro-me de tudo, mais no coração do que na memória mas, não te preocupes, o que guardamos no coração o tempo não apaga... Fica lá para sempre. Foi assim, contigo, que descobri que o amor incondicional existe mas, também descobri que ele só parte de pessoas boas, como tu. Sempre foste a minha luzinha... Desde a altura em que a tua mão grande me cobria o corpo quase por inteiro e me aconchegavas, até à altura em que a minha mão passou a ser maior do que a tua (e até tínhamos os dedos parecidos...). Todos deviam ter uma luzinha assim... As pessoas como tu, aquelas que nos amam a sério e que nós também amamos, nunca deixam de existir, só partem para um lugar melhor, provavelmente, um lugar justo e seguro.Até ao dia em que as nossas luzinhas se voltem a encontrar, avó. 


Lisboa 13 de Novembro de 2012

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